Disfagia: o que é e a importância da Nutrição
O nível de disfagia é avaliado de acordo com a consistência dos alimentos tolerada. Neste sentido, a disfagia pode ocorrer tanto para alimentos sólidos como para líquidos, estando o risco de aspiração aumentado neste último caso, ou seja, a passagem de conteúdo alimentar para o trato respiratório.
O diagnóstico deve ser realizado por um profissional de saúde especializado, recorrendo a uma anamnese alimentar completa e a instrumentos validados para avaliação funcional da deglutição. De acordo com o local anatómico afetado, existem dois tipos de disfagia: a orofaríngea e a esofágica. A primeira mencionada é a mais frequente e está relacionada com a dificuldade em iniciar a deglutição, enquanto a segunda se refere à dificuldade da progressão do alimento pelo esófago.
Causas mais frequentes
A etiologia da disfagia é multifatorial. Pode ser causada por uma disfunção oro-motora, anomalias anatómicas, deficiência sensorial ou distúrbios motores do esófago e pode agravar na presença de refluxo gastroesofágico. É uma condição frequentemente relacionada com a idade, capacidade funcional, fragilidade, polimedicação e multimorbilidade, sendo comum estar associada a várias patologias, tais como Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson e neoplasias. Pode ocorrer também em consequência de cirurgias ou de tratamentos, como radioterapia e quimioterapia. Enquanto processo patológico do envelhecimento, a senilidade é também uma causa de disfagia.
Consequências da disfagia
A baixa ingestão hídrica ou a desidratação e a ingestão alimentar insuficiente, que pode conduzir a baixo peso e deficiências nutricionais, são consequências frequentes da disfagia. Além disso, os indivíduos com disfagia apresentam um risco aumentado de aspiração e, consequente, pneumonia associada.
A importância da Nutrição em casos de disfagia
A intervenção nutricional assume um papel fundamental em casos de disfagia, sendo crucial personalizar a dieta com o intuito de suprir as necessidades energéticas e nutricionais do indivíduo e minimizar as consequências nutricionais da disfagia (como a desidratação e a desnutrição).
A adaptação da dieta consiste muitas vezes na modificação da textura dos alimentos para se tornarem passíveis de ser deglutidos, assegurando refeições nutricionalmente adequadas e seguras quando ingeridos pela via oral. Por exemplo, na disfagia a sólidos, é frequente optar-se por alimentos de consistência mole e/ou pastosa (consistência de purés) e na disfagia a líquidos, utilizar-se espessantes para alterar a consistência de alimentos líquidos ou águas gelificadas.
A suplementação nutricional oral é frequentemente equacionada nestes indivíduos, estando disponível no mercado um variado leque de suplementos, quer sejam líquidos e/ou pudins, bem como espessantes alimentares.
Em casos mais graves de disfagia, pode ser necessário o recurso a nutrição entérica ou parentérica, recorrendo-se a sondas ou cateteres, respetivamente, como via alimentar.
Importa salientar que o acompanhamento de indivíduos com disfagia deve ser realizado por uma equipa multidisciplinar, incluindo médicos, enfermeiros, terapeutas da fala, nutricionistas e fisioterapeutas.
Realizado por Beatriz Vieira (Nutricionista no Hospital Lusíadas Amadora) e Inês Carretas (Estagiária de Nutrição).
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Revisão Científica
Dra. Beatriz Vieira
Coordenador da Unidade de Nutrição Clínica