Otite: saiba os sintomas, os tipos e o tratamento
A otite é uma inflamação ou uma infeção de causa viral ou bacteriana no ouvido, seja por vírus, fungos ou bactérias, que causa geralmente dor.
Os tipos de otite
Uma otite é uma inflamação ou uma infeção do ouvido, sendo que o ouvido tem essencialmente três partes, explica o coordenador da Unidade de Otorrinolaringologia do Hospital Lusíadas Amadora e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Leonel Luís.
- A labirintite (otite “interna”) começa para lá do tímpano e onde se localizam o caracol e a cóclea, responsáveis pelo nosso equilíbrio. Perto de estruturas como os nervos vestíbulo-cocleares, estas otites são muito complicadas e menos frequentes.
- A otite externa ocorre no ouvido externo, que vai da orelha até ao final do canal auditivo. Tratando-se de uma infeção da pele, ocorre sobretudo no verão e resulta da entrada de corpos estranhos no ouvido, como os cotonetes e os bicos das toalhas, especialmente em ouvidos húmidos. “Por exemplo, ao tentar secar o ouvido, as pessoas fazem uma pequena ferida na pele, que permite que as bactérias que vivem na nossa pele consigam migrar e infetar”, diz o especialista.
- A otite média aguda é a mais comum de todas e afeta a parte média do ouvido, que vai do tímpano até o final dos ossículos — martelo, bigorna e estribo. Mais frequente nas crianças, está também relacionada com o facto de o ouvido estar bem ou mal ventilado pelo nariz e nasofaringe, resultando numa infeção respiratória. “Está mais relacionada com aquelas constipações, com aquelas infeções virais do nariz e da garganta, que levam a que o ouvido fique mal arejado, porque a trompa de Eustáquio, tubo que liga o ouvido ao nariz e que serve para ventilar, essa trompa deixa de estar a funcionar bem, os ouvidos acabam por infetar e podem até rebentar e deitar pus.”
Além destes tipos de otites, há ainda a otite média serosa. “É uma doença muito frequente em crianças mais pequenas e que por vezes até leva a que sejam operados aos adenoides e a colocar tubos de ventilação. São otites também, mas inflamatórias, sem infeção, seja por bactérias ou vírus”, explica o especialista.
Fatores de risco da otite
Os fatores de risco dependem do tipo de otite em causa.
- Na otite externa, as pessoas que mexem nos ouvidos são as que têm normalmente otites externas.
- A otite média aguda ou a otite média serosa dependem de uma série de fatores — anatómicos, alérgicos, imunitários. Por exemplo, as crianças portadoras de síndrome de Down têm com maior frequência otites serosas, por razões anatómicas. “É muito mais difícil ventilar os seus ouvidos, mas há também crianças, as mais pequeninas, e alguns adultos, que são mais suscetíveis a este tipo de patologia.”
Sintomas
Fundamentalmente, a dor é o grande sintoma. “Na otite externa e na otite média aguda, a dor é contínua e constante”, enquanto na otite serosa é uma dor em pontada e que se interrompe. “A criança pode acordar a meio da noite agarrada ao ouvido a dizer que dói e cinco minutos depois está a dormir já sem dor”, diz o médico.
Tratamentos
Na otite bacteriana, o tratamento é o antibiótico, oral ou tópico, enquanto, na otite serosa, o tratamento passa por procurar ventilar melhor o ouvido médio, recorrendo a anti-inflamatórios e a uma boa higiene nasal.
Quando estes tratamentos não resultam, há que recorrer então a uma cirurgia. “Este último tratamento é reservado habitualmente para estas otites e para as otites crónicas”, refere.
“As otites crónicas são aquelas que têm uma doença específica, que é o colesteatoma, que é uma doença do ouvido — é a pele do ouvido que começa a crescer ultrapassando as outras células, nomeadamente as células ósseas, destruindo o osso”, afirma o médico, acrescentando: “Há ainda as outras otites crónicas que deitam pus, mas que são mais simples e que no fundo resultam de uma infeção continuada através de uma perfuração do tímpano, essas são as otites crónicas e obviamente mais raras, são otites mais frequentes em sociedades com piores cuidados de saúde. É muito importante diagnosticar e tratar precocemente, nomeadamente na criança, de forma a evitar estas formas crónicas”.
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Revisão Científica
Prof. Doutor Leonel Luís
Coordenador da Unidade de Otorrinolaringologia