O que é a hérnia discal e como a evitar
O que é uma hérnia discal
Imagine duas bolachas, com chocolate no meio. Se estas forem pressionadas, o doce sai, certo? De certa forma, é assim que se dá uma hérnia discal, explica Fernando Rodrigues, ortopedista no Hospital Lusíadas Porto. A coluna vertebral é constituída pelos corpos vertebrais e, entre os corpos vertebrais existem os discos intervertebrais que permitem a mobilidade da coluna.
Esse disco tem uma parte externa mais espessa (ânulo fibroso) que contem a parte interna, que é gelatinosa (o núcleo pulposo). Na maior parte dos casos, a hérnia discal ocorre quando há uma deterioração da parte mais espessa, que permite a expulsão do núcleo pulposo, a parte interna.
Ao tocar no nervo, provoca a hérnia discal – quer por um processo mecânico de compressão (provocando isquemia do nervo), quer por um inflamatório (inflamação do nervo) – que produz uma dor violenta. Por norma, chamam-lhe ciática (lombociatalgia).
Causas e fatores de risco
Grupos mais afetados:
- Pessoas entre os 30/50 anos;
- Homens;
- Pessoas que têm trabalhos mais pesados.
Genética:
Não há um gene mais suscetível, mas sabe-se que há famílias que estão mais sujeitas a uma degenerescência discal, provavelmente por uma doença de base de deterioração do disco. Estudos em gémeos que têm ocupações diferentes (uma mais braçal e outra de escritório) indicam que a deterioração e a taxa de patologia da coluna é similar no grupo familiar.
Sintomas
Começa com uma dor nas costas (lombalgia), que pode durar meses, até surgir uma nova dor muito violenta, num membro inferior. Nos primeiros dias, antes de se iniciar o tratamento esta dor pode ser muito limitativa, recorda Fernando Rodrigues. Podem ocorrer, ainda, alterações sensitivas:
- Formigueiros;
- Perda de sensibilidade;
- Em situações mais extremas, dificuldade na locomoção com uma queda do pé, que é uma lesão motora que pode ser irreversível se o nervo estiver muito comprimido.
Diagnóstico
A localização da dor nos membros inferiores é um indicador do local onde o nervo está pressionado. Isto porque existe uma distribuição radicular do nervo atingido. As novas tecnologias de imagem, sobretudo a ressonância magnética, complementam este diagnóstico e permitem saber com exatidão e numa fase muito precoce o tipo de hérnia, se é grande, pequena, se tem o nervo muito apertado.
Tratamento
Estudos com grupos de pessoas com ciática por hérnia discal concluíram que existem resultados semelhantes entre as pessoas que são operadas e as que não são ao fim de quatro anos. A diferença é a rapidez com que se melhora: os pacientes que são sujeitos a cirurgias têm resultados mais satisfatórios no primeiro ano.
Contudo, a grande maioria das ciáticas provocadas por hérnia discal resolve-se com tratamento conservador: anti-inflamatórios, repouso, fisioterapia e utilização temporária de um lombostato (ou seja, de uma cinta ortopédica).
Só cerca de 20% é que precisam de tratamento cirúrgico: as ciáticas hiperálgicas e cuja dor excruciante não melhorou com os anti-inflamatórios, analgésicos; e as lesões neurológicas progressivas. O tratamento cirúrgico deve ser realizado entre 6 a 8 semanas depois do aparecimento da hérnia discal.
O objetivo da cirurgia à coluna é fazer a descompressão do nervo e libertá-lo. Com as novas tecnologias, há uma melhoria de resultados (a taxa de êxito estará acima dos 90%) uma vez que, através da ampliação da imagem e de uma melhor iluminação, se conseguem fazer incisões mais pequenas.
Habitualmente, os doentes estão internados dois dias e tiram os pontos após 12 a 15 dias. Depois de um período de fisioterapia, retomam a atividade profissional ao fim de um mês se o seu trabalho for mais leve ou de 3 ou 4 meses, se for mais pesado.
Há outro tipo de tratamentos, que podem ser executados, que são menos invasivos para hérnias particulares. A nucleotermia é um exemplo: introduz-se uma agulha num disco, que ao produzir calor diminui o tamanho da hérnia.
Como prevenir a hérnia discal
Faça exercício
A atividade física regular (duas a três horas por semana) é fundamental para manter uma boa tonicidade dos músculos. Sabe-se, por exemplo, que uma mesma pessoa sentirá maior pressão se sentada do que a correr. Logo, a tonicidade da coluna permite que o disco não sofra pressões em determinadas posições, como sentada. Quando precisar de levantar pesos, faça-o como um halterofilista: mantenha a coluna reta e levante o peso com as pernas.