Sustentabilidade à mesa: o impacto da Dieta Mediterrânica
O conceito de sustentabilidade engloba as atividades humanas consideradas corretas do ponto de vista ecológico, socialmente justas e economicamente viáveis. Neste sentido, a adoção de uma alimentação completa, variada e equilibrada, a escolha de alimentos sazonais e regionais e a redução do desperdício alimentar são ações que contribuem para a sustentabilidade.
Sabia que cerca de 25% dos gases emitidos para a atmosfera são derivados da produção de alimentos? E que destes mais de metade são representados pelos alimentos de origem animal?
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), uma dieta sustentável deve preservar a biodiversidade e o ecossistema, bem como otimizar os recursos naturais e humanos. Deste modo, deve ter um baixo impacto ambiental e contribuir para a segurança alimentar e nutricional da população.
O impacto Dieta Mediterrânica na sustentabilidade
A Dieta Mediterrânica é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como um padrão alimentar de excelência, apresentando um impacto positivo na saúde e qualidade de vida da população. Além disso, foi considerada pelo FAO uma dieta “amiga do ambiente”, constituindo um bom exemplo de uma dieta sustentável.
Este é um padrão alimentar que se caracteriza por um elevado consumo de produtos vegetais em detrimento de produtos de origem animal, nomeadamente de hortícolas, frutas, cereais pouco refinados, leguminosas e frutos oleaginosos. Incentiva uma ingestão mais frequente de pescado e menos frequente de carnes vermelhas e um consumo moderado de laticínios. Neste sentido, estas recomendações traduzem-se numa diminuição da produção de gases com efeito de estufa, do consumo de água e numa menor contaminação de solos e recursos hídricos.
Além disso, a Dieta Mediterrânica está também associada a escolhas mais sustentáveis ao incentivar a preferência por alimentos produzidos localmente, frescos e da época. Todos estes fatores contribuem para a diminuição do impacto ambiental associado à produção de alimentos.
Estratégias para adotar uma alimentação mais sustentável
• Realizar uma lista de compras e adquirir apenas os alimentos que irão ser consumidos;
• Planear as refeições escolhendo os alimentos com base no princípio FEFO (first expire, first out – ou seja, primeiro alimento a terminar a validade, primeiro a consumir). Para produtos sem data de validade, aplique o princípio FIFO (first in, first out – isto é, primeiro a alimento a entrar, primeiro a sair);
• Confecionar as quantidades de alimentos de acordo com as necessidades e não em excesso;
• Reaproveitar as sobras de outras refeições;
• Ocupar ¾ do prato das refeições principais (almoço e jantar) com alimentos de origem vegetal e limitar ¼ do prato a alimentos de origem animal;
• Reduzir o consumo de carne vermelhas e processadas, optando por uma maior ingestão de pescado e de fontes de proteína vegetal, tais como as leguminosas;
• Privilegiar o consumo de cereais integrais, hortícolas, frutos oleaginosos e sementes;
• Optar por alimentos da época e produzidos localmente ou na proximidade;
• Adquirir produtos avulso e minimizar o embalamento;
• Reutilizar e reciclar as embalagens utilizadas;
• No momento de confeção, manter as panelas tapadas para cozinhar mais rapidamente. Preferir técnicas culinárias tradicionais, como as sopas, cozidos, ensopados e caldeiradas, que preservam os nutrientes dos alimentos.
Realizado por Beatriz Vieira (Coordenadora da Unidade de Nutrição Clínica do Hospital Lusíadas Amadora) e Leonor Castanheira (Estagiária de Nutrição)
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Revisão Científica
Dra. Beatriz Vieira
Coordenador da Unidade de Nutrição Clínica