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Qual a relação entre a alimentação e a endometriose?

Colaboração
A alimentação pode ter um impacto significativo no tratamento e gestão da endometriose. Descubra aqui como usar a alimentação como aliada no tratamento desta condição, com as dicas da nutricionista Dra. Beatriz Vieira do Hospital Lusíadas Amadora. 

O que é a endometriose? 

A endometriose é uma doença crónica de carácter inflamatório e natureza multifatorial. Afeta principalmente mulheres em idade fértil e é caracterizada pelo crescimento de tecido semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina, podendo atingir diversas partes do corpo, tais como trompas de falópio, ovários, bexiga e intestino. 

Esta doença pode conduzir a uma redução significativa da qualidade de vida. Sintomas como dismenorreia (cólica menstrual), dispareunia (dor ou desconforto que surge durante ou após as relações sexuais), disquesia (dor em evacuar durante o período menstrual), disúria (dor em urinar durante o período menstrual) e infertilidade são frequentemente associados a esta condição. 

Qual a relação entre a alimentação e a endometriose?

A inflamação é um dos fatores fundamentais na progressão da doença. Neste sentido, a nutrição, apesar de não curar a doença, tem um papel determinante na diminuição do stress oxidativo e inflamação, na redução dos níveis de estrogénio e na gestão de sintomatologia associada, sobretudo na presença de sintomatologia gastrointestinal.

Mudanças na alimentação 

A adoção de uma alimentação rica em fibra, ácidos gordos ómega-3 e antioxidantes, em detrimento de gordura saturada e trans, parece ter um impacto significativo no tratamento e gestão da endometriose. 

É aconselhada a inclusão de alimentos ricos em antioxidantes e fibra, como as frutas e hortícolas, e em ácidos gordos ómega-3, como peixes gordos (salmão, sardinha e cavala), linhaça e nozes. 
Em contrapartida, alimentos com um elevado teor em gordura saturada e trans, como produtos de charcutaria, pastelaria e fast-food, devem ser evitados. Também a evicção de cafeína e álcool é recomendada. 

A suplementação pode ajudar?

Em alguns casos a suplementação pode ser equacionada, nomeadamente em ácidos gordos ómega-3, vitaminas D, C e E, N-acetilcisteína e magnésio.
Já no caso de se verificarem sintomas associados ao trato gastrointestinal, tais como flatulência, distensão e/ou dor abdominal, diarreia ou obstipação, a abordagem nutricional pode incluir a restrição de determinados grupos de alimentos, nomeadamente de hidratos de carbono de cadeia curta pouco absorvidos e fermentáveis – dieta low FODMAP. 
Neste sentido, uma avaliação nutricional individualizada é imprescindível para o adequado controlo da sintomatologia.

Tente evitar disruptores endócrinos

Outro aspeto a ter em consideração é a exposição a xenobióticos que atuam como disruptores endócrinos, podendo interferir com a doença. Estas substâncias podem encontrar-se presentes nos plásticos e por essa razão deve optar por utilizar recipientes de vidro e evite acondicionar os alimentos com película aderente. 

Dada a complexidade da doença, uma abordagem multidisciplinar é essencial para um adequado tratamento e para a melhoria da qualidade de vida desta população. Se tem este diagnóstico ou conhece alguém que o tenha, procure a ajuda de um profissional de saúde.

O acompanhamento de um nutricionista pode também ajudar a minimizar alguns dos sintomas desta condição, dando-lhe mais qualidade de vida e bem-estar.
 

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Revisão Científica

Dra. Beatriz Vieira

Dra. Beatriz Vieira

Coordenador da Unidade de Nutrição Clínica

Hospital Lusíadas Amadora
PT