Entender os comportamentos autolesivos
Cerca de 7% dos jovens portugueses já tiveram comportamentos autolesivos. Para ajudar a entender estes números, Ana Peixinho, médica psiquiatra e Diretora Clínica do Hospital Lusíadas Monsanto, esclarece dúvidas e fala de tratamentos, uma vez que a prevenção e a atuação no momento certo são determinantes para fazer diminuir estes números. Cerca de 7% dos jovens, na sua maioria raparigas, já tiveram comportamentos autolesivos.
Porque há esta prevalência feminina? É mais frequente as raparigas dizerem que os comportamentos autolesivos (CAL) funcionam como um castigo (auto-punição) e que tentam aliviar o seu mal-estar psicológico através da dor física. Por outro lado, a insatisfação com a imagem corporal, mais frequente no sexo feminino, relaciona-se também com comportamentos autolesivos.
Estes comportamentos surgem associados a um conceito de "adolescência patológica".
O que significa? A adolescência pode ser vivida de uma forma menos saudável com sentimentos de desesperança e incapacidade de lidar com emoções, de se sentir integrado na família ou grupo de amigos e de manter uma sensação de bem-estar. Quando isto acontece, a probabilidade de desenvolver uma doença mental na idade adulta aumenta.
Estes comportamentos podem levar ao suicídio? Os CAL e o suicídio são indissociáveis, sendo difícil abordá-los separadamente, contudo, isto não significa que conduzam necessariamente ao suicídio. Podem incluir uma tentativa de suicídio, em que se incluem vários métodos de autolesão como intoxicação medicamentosa voluntária ou cortes na superfície corporal. Por outro lado, existem situações em que o único objetivo é a destruição do tecido corporal do próprio sem intenção de morrer, aqui incluem-se cortes e comportamentos associados como queimaduras e arranhões.
Como prevenir? A prevenção deve ser dirigida à maioria dos adolescentes e pretende modificar fatores que predispõem o jovem para a autolesão, como por exemplo melhorar a sua capacidade em pedir ajuda, reduzir os preconceitos associados a este tipo de comportamento ou fomentar o treino de estratégias para lidar com esta situação.
Este artigo foi útil?
Revisão Científica
Dra. Ana Peixinho
Coordenador da Unidade de Psicologia , Psiquiatria , Neuropsicologia