Espirometria: o que é, para que serve e como é feita
O primeiro aparelho de espirometria surgiu em 1846, pelas mãos do médico inglês John Hutchinson. No entanto, o termo é mais antigo. Em 1789, Antoine Lavoisier, o famoso químico francês, deu este nome ao método que media o volume de oxigénio que entra e sai dos pulmões durante a respiração.
Esta ação, que os espirómetros fazem até hoje em hospitais e clínicas por todo o mundo, permite o diagnóstico/avaliação de doenças respiratórias como a asma, a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), as bronquiectasias, a fibrose quística, a sarcoidose e a fibrose pulmonar. “É considerado um exame básico, de rotina, de primeira linha, pelo qual se deve iniciar o estudo da função respiratória”, afirma Cristina Cristóvão, especialista em Pneumologia no Hospital Lusíadas Amadora.
A espirometria faz parte da avaliação de pacientes com sintomas respiratórios ou doença respiratória conhecida. É igualmente reconhecido o seu papel na prática clínica, aplicada a rastreio de indivíduos sem patologia respiratória conhecida e até mesmo sem sintomas, e com história de hábitos tabágicos.
As qualidades da espirometria
Quem nunca viu nem ouviu falar de espirometria ou de um espirómetro, pode imaginar um aparelho com um tubo e um bucal onde, resumidamente, se inspira e expira com profundidade. “A espirometria mede o volume de ar inspirado e expirado e os fluxos respiratórios resultantes de manobras inspiratórias e expiratórias máximas forçadas ou lentas”, explica a médica.
Com este exame, ajustado à idade, ao sexo e à altura, é possível avaliar a função respiratória de cada pessoa usando um método não invasivo, indolor e com poucos riscos. Representa uma ferramenta fundamental como complemento diagnóstico de doenças respiratórias, permitindo ainda a classificação da gravidade da doença e controle da eficácia da medicação. O exame permite avaliar a evolução da função respiratória de um paciente ao longo do tempo e também distinguir certas doenças, possibilitando o diagnóstico correto.
As alterações detetadas na espirometria podem traduzir alterações de tipo obstrutivo, restritivo ou misto. A espirometria é o exame mais usado como complemento de diagnóstico para a deteção de alterações ventilatórias obstrutivas. Um dos casos paradigmáticos é a distinção entre a asma brônquica e a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC).
“Apesar do diagnóstico ser essencialmente clínico, a espirometria confirma a presença da alteração ventilatória obstrutiva destas doenças”, explica Cristina Cristóvão. A realização de prova de broncodilatação, ou seja, a repetição de espirometria após inalação de broncodilatador, dá informação sobre a reversibilidade da limitação ao fluxo aéreo. A persistência da limitação aérea após o uso do broncodilatador durante o segundo exame de espirometria “é compatível com a existência de DPOC”, conclui a médica.
Como é feito o exame?
Para o exame de espirometria, a pessoa senta-se e respira para o bucal do espirómetro enquanto tem colocada no nariz uma pinça que impede o ar de sair por aquela via. O exame é feito em etapas: a pessoa tem primeiro de inspirar profundamente pelo bucal, depois tem de prender a respiração por alguns segundos e, por fim, irá expirar o máximo de ar no menor período de tempo.
O “procedimento deve ser repetido três vezes, de modo a garantir a reprodutibilidade dos resultados”, indica a médica. Se for necessário fazer um teste com um broncodilatador, como no caso descrito acima da distinção entre a asma brônquica e DPOC, o exame será repetido passados 15 a 20 minutos.
Preparação para o exame e contraindicações
Quem vai realizar o exame não pode fumar nos sessenta minutos que o precedem, nem pode ingerir bebidas alcoólicas nas 24 horas prévias. Convém ainda não comer demasiadamente antes de fazer o teste, evitar o café, não usar broncodilatadores nas últimas seis a oito horas antes do exame e não usar vestuário justo para poder respirar à vontade.f
Haverá algum caso em que este exame não é indicado? “A espirometria não é indicada em pacientes que sofreram enfarte agudo do miocárdio ou um AVC nos últimos dois ou três meses, em indivíduos com infeções pulmonares, como a tuberculose e a pneumonia, e em situações de hemorragia”, responde Cristina Cristóvão.