Xerostomia: que estratégias adotar?
A saliva é produzida pelas glândulas salivares e é composta por 99% de água e 1% de eletrólitos e proteínas. Contém ainda agentes antibacterianos, antifúngicos e antivirais, que equilibram a placa bacteriana prevenindo a disbiose da cavidade oral, e componentes minerais que mantêm a integridade dos dentes. Neste sentido, a saliva desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde oral.
A xerostomia não é uma doença, mas sim um sintoma que pode ocorrer associado a uma patologia ou em consequência de farmacoterapia e de tratamentos (quimioterapia, radioterapia e cirurgia). Além disso, é uma condição frequentemente presente na população geriátrica.
O seu diagnóstico implica uma avaliação cuidadosa da cavidade oral e uma anamnese completa, nomeadamente que inclua hábitos de higiene e saúde oral, medicação atual e antecedentes de neoplasia ou tratamentos.
A capacidade de mastigação e deglutição pode ficar comprometida em indivíduos com xerostomia, o que pode condicionar a ingestão alimentar e aumentar o risco de desnutrição e deficiências nutricionais. Além disso, nestes casos existe também uma maior probabilidade de desenvolver infeções.
A intervenção nutricional assume um papel importante no alívio dos sintomas em casos de xerostomia, sendo essencial adaptar e personalizar a dieta com o intuito de suprir as necessidades energéticas e nutricionais do indivíduo e minimizar as consequências nutricionais da xerostomia.
Em situações de xerostomia, existem várias estratégias para otimizar a ingestão alimentar, nomeadamente:
• Reforçar a hidratação ao longo do dia (água, infusões de ervas e/ou águas aromatizadas);
• Ingerir líquidos durante as refeições para auxiliar a mastigação e a deglutição;
• Adicionar gotas de limão ou de laranja nas bebidas e alimentos, uma vez que o sabor cítrico é capaz de estimular a produção de saliva;
• Preferir alimentos mais húmidos e macios e confeções com mais molho, como as caldeiradas, estufados e sopas;
• Optar por frutas com alto teor de água (melancia, melão, meloa…);
• Utilizar ervas aromáticas como tempero, em detrimento do sal;
• Mastigar pastilhas elásticas e rebuçados sem açúcar, por exemplo com sabor cítrico ou mentolado;
• Evitar alimentos secos, duros e picantes;
• Evitar o consumo de bebidas alcoólicas e refrigerantes;
• Sempre que necessário, a suplementação nutricional oral pode ser equacionada.
Realizado por Beatriz Vieira (Nutricionista no Hospital Lusíadas Amadora) e Marta Marques (Estagiária de Nutrição).
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Revisão Científica
Dra. Beatriz Vieira
Coordenador da Unidade de Nutrição Clínica