Evite os excessos alimentares na Páscoa
Siga os conselhos de Diana e Silva, coordenadora da Unidade de Nutrição Clínica do Hospital Lusíadas Porto, e da psicóloga clínica Júlia Machado, do Centro Multidisciplinar de Tratamento da Obesidade, e aproveite os bons momentos em família ou amigos, sem cair em tentações e evitando os excessos alimentares na Páscoa.
Aprender a evitar os excessos alimentares na Páscoa
Muitos dos excessos alimentares que se cometem podem ser mais do que mera gulodice e não correspondem, com certeza, a necessidades nutricionais. Como explica Júlia Machado, “o que comemos afeta a forma como nos sentimos, contribuindo para o nosso bem-estar. Só que quando cometemos excessos ao longo da vida, a nossa saúde e aparência sofrem alterações que criam sentimentos negativos dirigidos à comida, estabelecendo padrões patológicos. Se não aprendermos a fazer as melhores escolhas, não seremos capazes de controlar a ingestão compulsiva e o ganho de peso. Como consequência, cometemos excessos para obter tranquilidade e altos níveis de energia, em especial nas épocas festivas como a Páscoa. Nestas situações, o que comanda o comportamento de ingestão alimentar são as emoções e não as necessidades nutricionais”.
Excessos alimentares na Páscoa: antecipe a situação
A melhor maneira de diminuir a ingestão calórica é, segundo a nutricionista Diana e Silva, antecipar-se à situação: “Nos dias anteriores à ocasião, consuma mais hortícolas em saladas, sopas, cozidos ou salteados, e coma mais fruta. Reduza a ingestão de hidratos de carbono, proteínas e gorduras.” A alimentação saudável deve ser complementada com exercício. “Pense em aumentar a carga de atividade física no ginásio, em casa ou na rua, durante, pelo menos, uma hora: caminhada, zumba, ténis, futebol, ginástica ou um 'mixfisica', como saltar à corda, caminhar, correr e andar de bicicleta. São todas excelentes opções. O mais importante é que lhe dê prazer, se sinta feliz e simultaneamente combata o excesso de calorias”, sublinha.
Petiscos de risco
Das ementas típicas da Páscoa à doçaria, tudo é uma verdadeira prova de fogo à dieta. Evitamos as tentações de açúcar, mas esquecemos que existem muitos outros alimentos que podem pôr em risco o equilíbrio alimentar. Diana e Silva aconselha “a controlar a ingestão de alguns alimentos, como molhos, pão, frutos secos, com exceção das nozes e amêndoas, refrigerantes, licores, vinhos e cocktails”. Embora as bebidas alcoólicas não encham tanto o estômago, Diana e Silva avisa que “a ingestão calórica pode ser superior à de uma fatia de bolo, se nos lembrarmos que 1g de álcool tem sete calorias”.
Sugestões amigas da dieta
A coordenadora da Unidade de Nutrição Clínica do Hospital Lusíadas Porto partilha alguns conselhos simples que ajudam a manter a balança equilibrada e a contornar os excessos alimentares na Páscoa:
- Não saia de casa com fome. É preferível comer uma peça de fruta, um iogurte magro com sementes e beber água;
- Nas entradas e aperitivos, evite os fritos e prefira snacks no forno, espetadas de fruta ou outras opções mais saudáveis;
- Beba água ou sumo natural;
- Inicie cada refeição com uma sopa de legumes;
- Coloque no prato generosas porções de saladas/hortícolas deixando pouco espaço para o acompanhamento principal;
- Prefira um prato vegetariano (não frito) ou receitas sem maionese, natas ou outros molhos energéticos;
- Para a sobremesa, comece com fruta e termine com uma pequena fatia de doce.
“Assim, conseguiu provar de tudo sem repetir, divertiu-se e não regressou a casa com um sentimento de culpa”, resume Diana e Silva.
Ajuda multidisciplinar
Se tem sentimentos conflituosos que não o deixam tomar as melhores opções alimentares, Júlia Machado adverte para a possibilidade de estar perante uma ingestão compulsiva dos alimentos e aconselha a procurar ajuda especializada: “A prevenção, feita com o apoio de uma equipa multidisciplinar, passa por identificar precocemente e corrigir comportamentos problemáticos que possam evoluir para distúrbios alimentares. É necessário adotar estratégias preventivas quando e sempre que um comportamento alimentar interfira negativamente na vida da pessoa ou da imagem que tem de si mesma.” Geralmente, estes comportamentos estão relacionados com “baixa autoestima e instabilidade emocional ou com determinadas patologias associadas, tais como ansiedade e depressão”, exemplifica.
Aprenda a mimar-se
Se tem tendência para a compensação emocional através dos alimentos, Júlia Machado e Diana e Silva lembram que é muito importante adotar uma atitude positiva perante as adversidade e aprender a mimar-se:
- Evite comparações entre si e os outros;
- Trate bem do seu corpo, estimulando os sentidos e colocando-se em situações de prazer, tal como fazer caminhadas à beira mar, massagens, banhos relaxantes ou habituar-se a ver-se ao espelho e perceber o que aprecia mais em si;
- Vista roupa de que goste, com que se sente bem ou que há muito tempo não conseguia vestir e agora pode usar;
- Não esqueça as implicações negativas causadas pelos excessivos erros alimentares que cometeu no passado e o/a tornaram infeliz;
- Não acredite em dietas-milagre, elas não existem.
É igualmente importante, conclui Júlia Machado, “não atribuir um valor simbólico à comida, usando-a como recompensa ou castigo. As nossas necessidades emocionais são satisfeitas com sentimentos, não com alimentos.”
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Prof. Dra. Diana Silva
Coordenador da Unidade de Nutrição Clínica