Iodo: qual o seu papel no organismo e como obtê-lo
O que é?
O iodo é um oligoelemento essencial ao normal funcionamento do organismo. A única forma de o obter é a partir da alimentação, visto que, tal como os restantes minerais, não é produzido pelo corpo.
Cerca de 90% do iodo proveniente da alimentação é absorvido pelo trato gastrointestinal (pelo estômago e intestino delgado). Uma vez na circulação sanguínea, é principalmente captado pela tiroide – glândula localizada na base do pescoço – e excretado pelos rins através da urina. Contudo, o leite materno, o suor e as fezes representam outras vias de eliminação do iodo.
Qual o seu papel no organismo?
Este micronutriente encontra-se maioritariamente armazenado na tiroide onde é utilizado na produção das hormonas tiroideias, nomeadamente a tiroxina (T4) e triiodotironina (T3). Estas hormonas têm um importante papel nos seguintes processos fisiológicos:
- Crescimento e desenvolvimento dos órgãos – principalmente do cérebro;
- Controlo dos processos metabólicos do organismo – como a regulação da taxa de metabolismo basal (ou em repouso) e da temperatura corporal.
Qual a dose diária recomendada?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doses diárias recomendadas (DDR) de iodo, de acordo com a faixa etária, são as seguintes:
Quais as consequências da sua carência?
Dada a sua importância na síntese das hormonas da tiroide e o papel que estas desempenham no metabolismo, a sua carência tem um impacto significativo na saúde.
A deficiência de iodo pode ocorrer em todas as fases da vida humana, desde a vida intrauterina até ao envelhecimento.
Segundo a OMS, as mulheres grávidas, a amamentar e em idade reprodutiva e as crianças com idade inferior a três anos são os grupos populacionais considerados como apresentando maior risco de deficiência deste micronutriente. Este facto deve-se ao papel crucial que as hormonas da tiroide desempenham no crescimento e desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso central a partir da 15ª semana de gestação e até aos 3 anos de idade.
Caso haja uma carência durante este período, o desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso central pode ser afetado de forma irreversível. De tal forma que, desde 2013, a Direção-Geral da Saúde recomenda a suplementação para mulheres em fase de preconceção, grávidas e a amamentar e a Direção-Geral da Educação obriga a utilização de sal iodado nas cantinas escolares.
Como é diagnosticada a deficiência?
Devido ao facto de 90% do iodo ingerido ser excretado nas 24 a 48 horas subsequentes, a concentração de iodo na urina é considerada um excelente biomarcador dos níveis de iodo no organismo. Contudo, não é comum avaliar-se o nível de iodo em análises de rotina de um indivíduo. Estas análises utilizam-se sobretudo em estudos que têm como objetivo avaliar a carência deste oligoelemento em populações.
Segundo a OMS, a UNICEF e a International Council for Control of Iodine Deficiency Disorders, a deficiência de iodo é verificada quando a concentração na urina é inferior a 100 µg/l na população em geral e inferior a 150 µg/l em mulheres grávidas.
Globalmente, a deficiência de iodo é uma das principais causas de doenças mentais evitáveis, com mais de 2 biliões de pessoas de 130 países em risco, incluindo 241 milhões de crianças em idade escolar.
Como prevenir a deficiência de iodo?
A OMS recomenda a utilização de sal iodado como principal estratégia a nível mundial para prevenir a deficiência de iodo.
O sal comum não contém iodo naturalmente, sendo-lhe adicionado. Utilizar sal iodado para temperar as refeições é uma prática desejável, uma vez que garante a ingestão deste micronutriente. A utilização de sal iodado pode eliminar a necessidade de suplementação em iodo em mulheres em fase de preconceção, grávidas e a amamentar.
Contudo, tal não significa que se deva aumentar o aporte de sal na alimentação. Se não for utilizado em excesso, o sal iodado é seguro e não produz efeitos adversos. É recomendada substituição do sal comum por sal iodado nas quantidades de sal recomendadas e que não devam ultrapassar os 5 g/dia.
Outras fontes alimentares
O iodo encontra-se naturalmente presente na água do mar. Por essa razão, o pescado (peixe e marisco) e as algas são considerados importantes fontes de iodo na alimentação.
O leite e os ovos, bem como os seus derivados, são também considerados importantes fontes alimentares de iodo. No entanto, o seu teor em iodo é variável e deve-se, sobretudo, à suplementação das rações dos animais.
Relativamente a outros alimentos, tais como cereais, fruta e legumes, o teor de iodo é variável – depende da quantidade de iodo nos solos. O seu teor nestes alimentos deve-se, em grande medida, ao modo de produção, como a utilização de desinfetantes iodados na indústria alimentar e fertilizantes ricos em iodo na agricultura.
Será necessário suplementação?
O excesso de iodo na alimentação pode também levar a alterações ao normal funcionamento da tiroide – como bócio e hipotiroidismo. Por este motivo, antes de iniciar a toma de qualquer suplemento, consulte o seu médico.